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Prolapso de Órgãos Pélvicos (POP) – o que é e qual o tratamento?
Sabia que o Prolapso de Órgãos Pélvicos (POP) ocorre (quase) exclusivamente em Mulheres?
E é bem mais comum do que pensa…o POP é um problema comum que afeta até 50% das mulheres após o parto!
Apesar de não ser uma doença e não apresentar qualquer causa de mortalidade para a mulher, o POP causa um efeito negativo muito impactante na qualidade de vida. Por isso, neste artigo vou-me debruçar sobre este tema e explicar-lhe o que é, o que o causa e quais as soluções para o tratar.
Os POP consistem na “queda”/ descida/ deslocamento inferior de 1 ou mais órgãos da cavidade pélvica – bexiga, uretra, útero, intestino delgado, reto ou cúpula vaginal, saindo da sua posição anatómica normal, fazendo-se notar através da parede da vagina, que fica “abaulada” e até ultrapassar e exteriorizando-a, podendo ser visível no introito (“entrada”) da vagina.
O prolapso ocorre quando os tecidos de sustentação dos órgãos (fáscias, ligamentos, tendões) perdem firmeza e se tornam “frouxos”, deixando de exercer uma força de suspensão e quando os músculos do pavimento pélvico não são fortes o suficiente para dar um bom suporte a nível inferior.
Quais são os tipos de Prolapso dos Órgãos Pélvicos?
Os diferentes tipos de prolapso de órgãos pélvicos são denominados de acordo com o órgão afetado.
Se aparecer um abaulamento sobre a parede frontal da vagina, muito provavelmente será um CISTOCELE (Prolapso da bexiga) ou URETEROCELE (prolapso da uretra) (ureterocele).

Caso se note uma descida da parte superior da vagina trata-se de um PROLAPSO APICAL.
Caso se note que o colo do útero desceu relativamente à sua posição anatómica, tratar-se-à de um HISTEROCELO – prolapso uterino.

Se aparecer um abaulamento da parede posterior da vagina poderá ser um RECTOCELE (Prolapso de reto) ou um ENTEROCELE (prolapso do intestino delgado). O enterocele é mais comum em mulheres após a remoção do útero.

É frequente a mulher apresentar mais do que um tipo de prolapso.
Que factores de risco contribuem para o prolapso dos órgãos pélvicos?
- Obesidade: o aumento de volume abdominal, aumenta a pressão e peso sobre os órgãos pélvicos, pressionando-os e empurrando-os;
- Menopausa (Hipoestrogenismo): com a descida dos níveis de estrogénio, a produção de colagénio também baixa, reduzindo a tensão e força dos tecidos de sustentação e suporte;
- Alterações genéticas que comprometam a produção de colagénio (principal fibra que constitui e dá resistência às fáscias e ligamentos de sustentação);
- Raça: as mulheres caucasianas têm 40% maior risco, em relação à raça negra, de ter prolapso ao nível do hímen ou abaixo;
- Gravidez: durante a gravidez, todos os tecidos de sustentação e suporte são estirados, pelo que a sua tensão pode ficar comprometida;
- Parto Fisiológico: a pressão sobre o pavimento pélvico durante o parto fisiológico aumenta o risco de POP. Caso o parto seja prolongado, o risco de causar lesões que comprometem a sua capacidade de contração e sustentação aumenta ainda mais. A multiparidade aumenta ainda mais o risco;
- Obstipação crónica: a acumulação constante de fezes na ampola rectal, causa o seu estiramento e pressão na zona, contribuindo a longo prazo para o prolapso do recto;
- Histerectomia (cirurgia de remoção do útero): a remoção de uma estrutura pélvica afecta a integridade de todas as estruturas de sustentação;
- Tosse crónica: o aumento constante da pressão sobre o pavimento pélvico ao longo dos anos aumenta o risco de POP;
- Trabalhos pesados ou desportos com cargas: levantar objectos pesados aumenta a pressão intraabdominal, empurrando os órgãos para baixo, em direção ao pavimento pélvico. Realizar isto com frequência aumenta o risco de POP.
Quais são os principais sintomas de prolapso de órgãos pélvicos (POP)?
A mulher com POP pode ter diversos sinais e sintomas, entre eles:
- Sensação de peso, pressão ou volume na vagina, de forma constante ou quando faz esforços;
- Dificuldade em iniciar a micção;
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
- Perdas involuntárias de urina ou urgência em urinar;
- Infeções urinárias constantes;
- Percepção de uma massa dentro da vagina, ou protuberância a sair da vagina;
- Dificuldade em defecar por vezes com necessidade de pressionar a parede vaginal para conseguir uma evacuação completa;
- Dor ou desconforto durante as relações sexuais.
Estes sintomas podem ter um impacto muito negativo na qualidade de vida de uma mulher e vão preditar a indicação cirúrgica, ou não, para o seu tratamento.
Como se pode diagnosticar e classificar a gravidade de um Prolapso dos órgãos Pélvicos?
Na maioria das vezes os POP são diagnosticados após avaliação física clínica e classificados consoante um grau de gravidade, utilizando o sistema de Baden-Walker.
Avalia-se a Mulher em pé ou em esforço para aumento da pressão intraabdominal de forma a graduar a descida dos órgãos.
- Grau 0 – Normal;
- Grau 1 – Prolapso até metade da distância da vagina;
- Grau 2 – Prolapso até ao nível do hímen/introito;
- Grau 3 – Prolapso que ultrapassa o hímen/introito;
- Grau 4 – Prolapso máximo de todas as estruturas.
Graus de Gravidade – Sistema de Baden Walker
Esta avaliação e classificação, embora bastante popular devido à sua fácil aplicação, está progressivamente a ser substituída pelo sistema POP-Q (Q de quantitativo). Um sistema mais complexo, mais preciso e pormenorizado na descrição dos prolapsos, uma vez que é necessária a realização de ecografia para realização de medidas.
Quais os tratamentos para os prolapsos dos órgãos pélvicos (POP)?
A escolha do tratamento ideal depende da gravidade do prolapso, dos sintomas que a mulher sente e do seu estado de saúde geral.
De acordo com as indicações científicas internacionais a Fisioterapia Pélvica é a primeira opção de tratamento para mulheres com prolapsos de gravidade até grau II (inclusivamente), uma vez que é um tratamento conservador, não cirúrgico, nem farmacológico, que impede o agravamento do prolapso e alivia ou eliminar a sintomatologia, permitindo adiar a necessidade de cirurgia, não comprometendo a realização da mesma caso seja necessária.
A reeducação e reforço dos músculos do pavimento pélvico com recurso a biofeedback e electroestimulação, assim como a radiofrequência não ablativa para estimular a produção de colagénio das estruturas pélvicas, permitem fortalecer e aumentar a resistência das estruturas para aumentar o suporte pélvico.
Também se pode aplicar um pessário vaginal (dispositivo de silicone) que é colocado dentro da vagina para apoiar a estruturas “colapsadas” e aliviar os sintomas. Pode ser utilizado diariamente ou apenas quando vai realizar atividades que aumentem a pressão intraabdominal.
As principais indicações para colocar um pessário são a preferência por um tratamento não cirúrgico e o desejo de uma gravidez futura, ou por prevenção devido a existência de risco cirúrgico elevado por outros problemas de saúde.
Os pessários também podem ser uma opção de tratamento transitória até ser realizada uma cirurgia de correção do prolapso.
Casos mais graves, que afectem consideravelmente a qualidade de vida da mulher, têm indicação cirúrgica. Mesmo assim, essas mulheres devem realizar sessões de Fisioterapia Pélvica antes e após a cirurgia, uma vez que estudos indicam que cerca de 58% das mulheres que fazem esta cirurgia voltam a ter prolapso, e cerca de 1 em cada 3 mulheres será intervencionada novamente.
Adotar hábitos que reduzam o risco de agravamento do prolapso é uma medida prioritária a implementar:
- Evitar a obstipação, preferindo alimentos que promovam um bom funcionamento intestinal, beber água em quantidade adequada e praticar atividade física;
- Controlar problemas de tosse crónica;
- Reduzir o peso corporal (caso tenha excesso);
- Realizar Fisioterapia Pélvica com a consistência necessária para reeducar e fortalecer os músculos do pavimento pélvico.
- Evitar cargas de peso, esforços repetidos e outras atividades que requeiram força abdominal.
O Prolapso de Órgãos Pélvicos (POP) é uma condição que afeta muitas mulheres, mas que ainda é envolta em silêncio!
Saber identificar os sintomas, compreender os diferentes tipos de prolapso e reconhecer os fatores de risco é o primeiro passo para quebrar esse ciclo e tomar decisões conscientes sobre a sua saúde íntima.
A boa notícia é que existe tratamento eficaz, e a Fisioterapia Pélvica é uma das ferramentas mais importantes nesta abordagem — tanto de forma conservadora como no pré e pós-operatório. Fortalecer, reeducar e cuidar do pavimento pélvico com acompanhamento especializado pode fazer toda a diferença na evolução dos sintomas, na recuperação e na prevenção de futuras complicações.
💡 Não é normal viver com desconforto, incontinência ou sensação de peso. E não tem de aceitar isso como parte da sua rotina.
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Elisa Quintela (OF 9813)
Fisioterapeuta Mestre em Fisioterapia Dermatofuncional com formação especifica em Pós-operatório de Cirurgia Plástica
Bibliografia:
Abrams P, Cardozo L, Khoury S, Wein A. Incontinence. 5th ed [Paris]: ICUD-EAU; 2013. Chapther 15, Pelvic organ prolapse surgery; 1377-1442
Kapoor D, Nemcova M, Pantaziz K, Brockman P, Bombieri L, Freeman R. Reoperation rate for traditional anterior repair: Analysis of 207 cases with a median 4 year follow up. Int J Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct. 2010; 21: 27–31